quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ENTRE A TERRA E O AR

(Manuela Barradas)

“É de muito gosto
sentir pés no chão,
ter terra entrededos,
girar como pião.
Tal qual saci, por ai saciando,
num pé só equilibrando,
a desafiar meus medos.

Bem mais esmero
sem pés no chão,
saltitar no céu,
no vão, em vão.
Distante do solo, só lamento,
é que em cima sou sentimento,
basta um passo em falso,
ofusca o meu realço,
perco meu alento.

Bom mesmo é estar
entre a terra e o ar,
sem véu, ao léu,
se abrigar no mar,
lavar a alma
em refúgio de calma
que é pra flutuar... flutuar.

Porque água vira gelo e vira ar!”

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

FALANDO DA TERRA

(Manuela Barradas)

"Gira mundo,
pisa fundo,
seja oval
ou circular.
Tanto faz,
sempre fez.
Mundo que há em ti,
há em mim, ademais.

Circular
pelas ruas,
seja Marte
ou Saturno.
Tanto faz,
sempre fez.
Do meu mundo
eu quem sei .

E pela lei
da natureza
dá a luz
a um mundo,
o ser profundo,
complexo e infindo,
novo mundo,
pra se compartilhar."

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CAI CÁ CADU

(Manuela Barradas)

"Cupido, Cadu, danado,
caiu meio capengado.
Atingiu meu peito,
Cadu, coitado,
vive a suspirar
fazendo de ti canção.

Casar Cadu, será?
Em nossa casinha,
graciosa casinha,
juntinhos morar.
Bem na noite de lua
nossa cama arrumadinha,
assobia a canarinha
pra o amor eternizar.

E quando mais tarde,
anuncia a cigarra,
a cegonha bate asas,
ela está pra chegar,
com a criança, Cadu,
fruto nosso,
amor nosso,
pra gente no colo caducar.

Ainda que, enfim, velhinhos,
assim Cadu, caduquinhos,
carequinha vais estar.
Te cafungo de mansinho,
cá te canto bem baixinho
e acarinho pra ninar”

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

DESCULPA POESIA

(Manuela Barradas)

“Meu peito a clamar,
apertado de agonia,
se queixa em julgar
o que não foi poesia.

A ingenuidade
me fez aprender,
brutamente, a viver
sem infantilidade.

Sei que errei,
magoei,
não pensei.
Falhei inocente.

E, sendo assim,
minha culpa,
sem culpa,
suplica:
desculpa!”

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MEU INÍCIO. MEU FIM.

(Manuela Barradas)

“Causa de meu existir:
o ponto de partida.
Espelho a refletir
um amor sem medida.

Na peleja da viajem,
nada de fugir da guerra.
Lembre: a vida é passagem.
Dance, enquanto, em terra!

Comovo-me quando te acanhas
e enrolas as palavras,
assim como os cabelos,
quando um afago tu ganhas.

Ao soar do ‘te amo’ singelo
te gelo, te zelo,
tua face enrubesço,
teu sorriso apeteço,
de um jeito que até Deus duvida.
Pois és a fonte,
corpo de onde fui nascida
e d'onde hei de morrer
exultante, em minha guarida.”

Para Sandra Barradas.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

MARIA CLARA

(Manuela Barradas por Felipe Melo)

“Sem medo
Deixo-me guiar
E assim arvoredo
Numa onda a me levar
Para um mar de água clara
Maria, clara como tua pele
Branquinha como tua alma
Transluz energia tão pura
De menina pra se amar
Que me fez sentir bem
Estar ao lado de alguém
Que eu quero namorar”

Difícil fazer um poema que não fale dos meus sentimentos e sim retrate o sentimento do outro. É nisso que dá ajudar os amigos a arrumar namorada. Esse foi Felipe Melo, vulgo Silvio, quem me pediu pra fazer para Maria Clara, sua aspirada... e deu muito certo. Viva!! Agora não me chamem pra ser a madrinha do casório não, pra vocês verem!! Felicidades e axé pra o casal!!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

AMOR PRA SE VESTIR

(Manuela Barradas)

“Sentia-me sufocada
À força cedendo
Já acostumara
No tamanho pequeno
Adornos, babados
Vestindo passado
Vestido obsceno

Abandonei pelo frouxo
O corpo não moldava
Meu tom bem moreno
Nele não combinava
Deixava-me só osso
Vestindo insosso
Vestido lambada

Troquei no armazém
Pelo de estampa flor
Caiu-me tão bem
Vermelho é sua cor
Nas ruas tingindo
Vestindo, despindo
Vestido vigor”

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

CORA CORAÇÃO

(Manuela Barradas)

“Perdoa coração
Vem cá, não chora não
E ouve essa canção
Que fiz para você

Prometo coração
Te dou minha emoção
Não tem mais jeito não
Já vai amanhecer

Coração duro
É coração mole
Quando sai do escuro
Já não tem controle

Pulsa coração
Como o de um poeta
Pulsa com ambição
Coração atleta

Pega a direção
Naquela estação
Segue a audição
Dos seus batimentos

E bate coração
Não tenha medo não
Descansa em minha mão
Não há mais sofrimento”

terça-feira, 17 de agosto de 2010

FERVE FREVO

(Manuela Barradas e Rafael Marinho)

“Foi no Recife,
Em pleno carnaval
Ver o galo lhe parecia normal
Era tanto sol,
Tantas cores
E o frevo
Logo de cara
Sua branquela ficou com medo

Mulher granfina
Das perna fina
Jóia pra ela é brinquedo
Empambada de pavor
Na mão um licor
Abraçada no nego

Mas o safado gostava da moreninha
Que dava uns pinotes
Agarrada na sombrinha
A tal da Maristela
Moradora da favela
A multidão com ela fervia

Fritando, o nego em Maristela acochou
Foi uma gritaria
Tremendo trelelê
Com raiva, a branca o pé arredou
Tanta história que rendeu saliva
A quarta-feira foi cinza
E do trio nunca mais se falou

Carnavais se passaram
Quinze galos depois
As orquestras desfilavam
Quando ouviu-se uma voz
Lá se vinha o povaréu
Tão alto era o escarcéu
Que agitou todos nós

Maristela, muito bela
Sacudindo no ar
A branquela amuada
Foi obrigada a cantar
E os instrumentistas
Empolgados na pista
Pareciam familiar

De longe se via o nego
Regendo sua linha
Nas mão um graveto
Continuava galinha
Sorrindo fogoso
Se achava famoso
Orgulhoso de sua cria”

domingo, 8 de agosto de 2010

MEU VELHO, MEU PAI

(Manuela Barradas)

“Na memória você me ninava
Eu fingia dormir pra sentir o prazer
De ser por ti carregada
No teu colo o ouvi dizer
Que eu estava a crescer
Em seus braços, acolhida, eu já pesava

Sabendo ser este mais um fim
Fechei os olhos e fiz fluir a sensação
Foi mais um ciclo concluído
Como a última peça de minha coleção

E assim, como que por consolo,
Ao despertar daquele sono
Peguei-me a sorrir
É que quando te olhei ao meu lado, na cama,
Descobri que ainda repousava em teu abraço
Que continuaria a sentir esse afago
E pude te ver dormir

Companheiro apaixonado
Defensor de minha trela
Meu herói indomável
Quando me reprova
Sempre grita por "MANUELA"!

Sou vida da tua vida
E por merecimento
Carregava-me em teu ombro
Como ainda hoje fazes
Quando o assunto é sofrimento

Em meu caminho serás sempre o meu clarim
Que mesmo um dia mudo
Dançarei ao som do teu silêncio
Que fala tão alto dentro de mim”

Para Fernando Barradas.

sábado, 7 de agosto de 2010

CONCURSO DE TOQUINHO

Ganhei o kit surpresa do concurso de Toquinho. 1º lugar!!!
A pergunta era:

O que a música de Toquinho te desperta.
R- Uma embriaguez lúcida na alma!

Confiram as frases vencedoras e todas as outras participantes estão aqui neste link: http://bit.ly/d2YvS8

No aguardo do meu Kit autografado! =]

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SAMBA EM ORAÇÃO

(Manuela Barradas)

“Meu grande amigo
Velho e bom amigo
Nesse dia lindo
Venho relatar
Há muito tempo
Vieste com o vento
Tantos contratempos
Veio a nos atar

Te agradeço a cumplicidade
Tua camaradagem
A consideração
E de mãos dadas
Em nossa jornada
Faço a ti um samba
Em forma de oração

Tu me perdoa se estou de passagem
O último petisco eu vou debicar
Mas a vos falo que te tenho amor
Até mesmo cego pode enxergar”.

Para Rafael Vilas.

terça-feira, 27 de julho de 2010

SEGUNDA INTENÇÃO

(Manuela Barradas e Rafael Marinho)

“Foi simplesmente o meu querer tão inocente
Teu sem querer que displicente
Bateu minha porta e pôs-se a entrar
De volta, em casa, trouxe a velha alegria
Junto com a hipocrisia
Que cansei de aturar

Deixei os trapos em tua nova moradia
Tudo que você queria
O que é teu eu entreguei
Só me enganei quando te dei meu coração
Aceitando teu perdão
Por uma segunda vez”.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

ESPELHO MEU

(Manuela Barradas e Rafael Marinho)

“Veio chegando aos poucos
E trouxe o conforto da alegria
Eu com a alma lavada
Dei tempo nas cartas e na boemia

Agora sai, não sei o que fazer
Pisando em brasa querendo sambar
Chega ao bar e começa a beber
Sobe na mesa e começa a dançar

Minha nega desaprendeu a amar
Não sabe o meu sofrer
Largou o nosso lar

E eu, topando nas ruas, meio chinfrim
Tomo uma dose do próprio veneno
Embriago-me ao som do sereno
E volto com a mesma dor ao botequim”

segunda-feira, 28 de junho de 2010

PARTIDA

(Manuela Barradas)

"As lembranças, não lembro mais
Inquieto, enfim, meu peito sente paz
Bem dizer a euforia de um novo amor
No tão belo jardim, mais uma flor

Segredos já não temos
Nossos signos fazem par
As emoções perdem o tino
E assim me dano a sonhar

No entanto, meu pranto rola
Vai entender tamanha contradição
Com o coração preso numa gaiola

É que não posso com os pés no chão
E morre mais uma flor no meu jardim
Pois o que não teve início, fim"

sábado, 12 de junho de 2010

ADORAÇÃO AO MEU QUERIDO

(Manuela Barradas)

"E eu sambei no vaivém da minha dor
Eu fui aquém, também além do meu labor
E hoje ao samba dedico minha adoração
Porque é ele que me serve abstração

No samba eu levo minha’lma a vagar
Problema seu que afirma que vou vadiar

O samba é meu grito de socorro
Não é a toa que seja a voz do morro
Pesa, bambeia, mas não cai
O samba é a alegria dos meus ais

Quem não tá por dentro, tá por fora
Vive do lamento.. da agonia
No samba a mágoa rebola
Aqui desgosto vira harmonia

Se estou contente, vou ao samba
Se é tristeza, faz bem balançar
Bondoso remédio que tira do tédio
Se isso é vadiar, deixa estar (deixa estar)"

terça-feira, 1 de junho de 2010

CORDAS UNIDAS

(Manuela Barradas)

"Quem diria a viola
De tão belo som
Por noites a fora
Em busca de um tom

Se embriagaria
Numa lucidez
Ao gritante cavaco
Mas que estupidez

Canções que alcançam suspiros
Emoções das mais variadas
E o tão pequeno, não sabe nada

Mas tem âmago sensível
Versa como um trovador
E assim as cordas aninharam-se com amor"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

SONETO A SENHORA DA NOITE

(Manuela Barradas)

"Na rua tardas nua, lua
Seu semblante iluminado
De um fulgor incomparado
Em meio a toda imensidão

E vibras, sabe que a noite é sua
És fêmea, menina e mulher
Senhora de todo alento que houver
Porém tomada de compaixão

Oh lua, tu que destoas dentre faróis
Nem vagalumes, nem estrelas
Acende a chama debaixo dos lençóis

Como tu que és tema de poemas
Canções, asneiras, és companheira
Cresces e mínguas dia-a-dia dentro de nós"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

VASO COLADO

(Manuela Barradas)

"Conhecer com firmeza a grandeza de amar
Não é fácil, caro amigo, é a arte de quem reparte
Por ouvir uma canção como pluma aos encantos de seu par

Em sua simplicidade sentimental
É bastante complexo
Os extremos se entrepõem
Como o côncavo e o convexo

Há quem diga que o amor resista aos dragões
Nem contos de fadas estão a salvo
Nada como o São Jorge contra os vilões

Entre trancos e barrancos
Ele dança e não finda
Balança, conforme o som
Que embala a festa da vida

É sentido que se quer achar
O amor é vaso colado
Bem ruim de estilhaçar"

sexta-feira, 21 de maio de 2010

TU DE BOM

(Manuela Barradas)

"De tantos encantos, entretanto
Um entorpecente diferente alvorecer
O bom ar do velho malandro
Jeito de falar que faz enlouquecer

Na ginga a malícia de quem sabe, de fato
Mãos que almejam ‘ouvir’ bobagens
Lábios com promessas de arrancar pedaço
Corpo que leva a mente a fazer viajens

Não é aliança, não há jura
Porém companheirismo e alucinação
A amizade é a essência mais pura
Coisas que permeiam a paixão

O grande erro, diga-se de passagem,
Recanto que o diabo gosta de estar
Cuidado, respeito e um tanto de traquinagem
Boa dose de carinho para finalizar

Como um querer que bate descontente
No entanto e de repente o compasso é o frenesi
É carnaval fora de época, temperatura quente
Delírio insensato, vício difícil de se sair”.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

MOÇA ATRIZ

(Manuela Barradas)

"Como uma atriz da bossa, pelo salão a girar
Leve, sorridente e cabelos soltos no ar
Segue flutuante, na mão há sempre algo para beber
Brindando a vida sem ter nada o que temer

Semelhante a bailarina que dança na ponta dos pés
De braços em abraços, perfumes e anéis
Foram tímidos olhares, a moça pelos olhos enamorou
Aqueles mesmos pelo qual os dela chorou

E o grito tão alto no peito fez a música para de tocar
A madrugada, coitada, não mais viu a moça rodar
E por se fazer assim, a tristeza a afligia
Transbordando seu coração de mágoa e melancolia

Passados alguns instantes de toda situação
a menina enxugou o pranto, risonha e eufórica, correu pro salão
Até a Lua se fez cheia e com seu brilho intenso fez a noite alumiar
A cidade inteira ansiosa pra ver a moça bailar

Toca música, dança a moça, bem leve espalha seus ares
Rodopia, joga charme, enche de graça os bares
O recomeço só pôde ser uma eterna alegria
E assim a vida da moça atriz, prosseguia"

SEJAM BEM VINDOS!

Olá,

Criei esse blog com intuito de mostrar o resultado de minhas "reinspirações", porém me compreendam se por acaso eu demorar para postar, a danada não acontece da noite para o dia.

Espero que curtam!
250x125 Ads1